"Nas sacadas e sobrados da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas do tempo do imperador..."
Ainda existem alguns sobrados e sacadas em salvador, para que saibam, os turistas e habitantes mais novos, o que é um sobrado e uma sacada. cheguei de carro e seguia distraído no banco de trás. sempre tenho a impressão de que a cidade quer me engolir. ela hoje é um gigantesco emaranhado de avenidas e grandes construções. entramos numa rua um pouco mais estreita e lá estava! no meio da angústia de linhas e mais linhas retas, uma pequena sacada... foi aí que percebi, dos tempos de Caymmi pra cá, na bela são salvador, caíram muitos sobrados...
(Voltei ao ponto onde fundei o silêncio Braços prontos Ferramentas cruzadas Toda a estrutura armada Aponta para o infinito)
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Contra-Corrente
De longe que me vem esse dia, desandado ladeira adentro. e é tudo asim pelo avesso? tudo longe de ser já sendo? e aqui nessas misturas pelas veias da gente corre muito sangue e é tudo confusão e flagelo. mas não atravesso lado, que o corpo ainda é assim débil, ainda tem as marcas do tempo e as costas listradas. e um dia, desassossega novo outro vez? ou sossega assim a miúdo revivendo água parada?
terça-feira, 5 de agosto de 2008
DIÁRIO DE VIAGEM (Desembarque em Feira de Santana)
Feira é sempre a mesma cidade. eu morei aqui por uns três anos e agora, dois anos depois, tudo continua igual, exceto pelo atacadão dos presentes construido do lado da casa dos meus pais. a noite está nublada, fria, a rodoviária me espera como espera os seus imigrantes, mas estou só de passagem... no caminho, dentro do táxi, vejo as mesmas pessoas de sempre, arquétipos, mais que pessoas. quero logo chegar em casa e ver um rosto que me diga algo...
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
DIÁRIO DE VIAGEM (O Embarque)
"Estou aqui em nome da tristeza
Trago a certeza de que o amor morreu"
É hora do embarque. o amor morreu ontem, mas eu não posso ficar para o seu enterro. daqui pra frente o que me espera? novos amores, pessoas novas, novas paisagens? mas não são sempre as mesmas as paisagens e as gentes? e o que muda? talvez o cheiro...
Trago a certeza de que o amor morreu"
É hora do embarque. o amor morreu ontem, mas eu não posso ficar para o seu enterro. daqui pra frente o que me espera? novos amores, pessoas novas, novas paisagens? mas não são sempre as mesmas as paisagens e as gentes? e o que muda? talvez o cheiro...
quarta-feira, 26 de março de 2008
Rotação
Pode ser que terra seja mesmo redonda, mas mundo num roda, num gira nem sai do canto, toda água é parada daqui donde eu me banho, corrente só é ferro de arrastá boi e gente, da volta que eu dou é o mesmo passo pisando nas terras e todo minino que cresce é assim que nem mato que enverdece e seca, é ilusão é? isso de que tudo tem vontade? da aparencia dessas coisas? do cabimento desse mundo? é a gente que roda dentro da gente é? sem vê que o mundo num tem perna e que nem a gente tem perna que alcance o mundo? eu de mim sou só issozinho mesmo que num se mexe nem nada, nesse mundo que num vai nem fica nesse céu todo parado.
terça-feira, 18 de março de 2008
Aos Meus Poucos Visitantes
É verdade que eu ando meio quieto, mas a partir de agora atualizo esse blog pelo menos uma vez por semana, agora a roda roda pra falar de deus e prestar contas ao diabo, pra falar de mundo e nudez d'alma até encher os olhos e vazar correntes e mais de novo haver silêncio cantando nos botões, é sina? é pedaço? é vontade? é daqui que parte o medo? mas vou pra colher mundo sem perder amor de vista, apostar no zig-zag das palavras a alma e a mentira de estar só e chegar no cume do mundo "é só isso homem? e existe mais pra um homem de raça? não. e é só isso homem?"
sábado, 23 de fevereiro de 2008
Estação de Chuva
Sol moço? quem desconhece? quem não se serve da chuva e do vento? quem não se abre pras velas na estação que chega? é presságio é? é minina molhada? é moço rijo amadurecendo a vergonha? tem passarinho, tem ponte, tem chuva, o asfalto esfria, assim é inverno na terra essa, tem guarda-chuva, sorvete mais pouco, água mais pequena, maria debaixo do lençol, é outro descomeço encerrando o que principia, assim é, vai secando água com água, leve por leve até o sim.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Ampulheta
Espia o tempo, homem! Dá uma catucada nos ponteiros, bota a mão na areia fininha fininha e vermelha, já viu? escapa de muito, corre pro olho, deixa saudade, e que é? caixa danada sacudindo com a gente dentro, outro espanto, e que é? Só sei que de muito já escorrego por essas vias, esses caminhos de apreciá e marcá saudade, e de longe bato o olho e já conheço, é tempo isso homem? é falta ? é saudade assim de pedaço esperando fim de tudo, é coragem dentro de alvoroço, e vem esse escuro todo... e a danada se vira pra baixo.
sábado, 12 de janeiro de 2008
Pergunta
Naquele tempo eu andava, e corria de lá pra cá pra ver o dia inda se acabando, aí era a lua, era um brilho novo, uma constância assim de sonho, e uma dorzinha leve só, que era uma pergunta solta em vento, e eu nem apreendi perguntar minha que era... no tempo voando, muitas mais perguntas se imbutiram, de muito a vida foi respondendo, às vezes assim doida, as vezes doída, mas essa de vento, essa corre comigo e a gente vai junto a sete palmos, penso que é pergunta mais de tripa que de letra, é um cozinhado apertando a barriga e um sopro assim no ouvido, bem baixinho, nada escuta, nada põe mão, assim é...
Português Suave
Solta a língua moço, dá uma espanada nessa trava leve, nesse jogo solto de tão doce. Eu falo, falo porque gosto, porque o gosto da língua solta nesse mundo todo, há de ser um gosto assim meu, um gosto de propriedade de dentro, eu falo porque a língua tá solta por vontade e é leve ela, é solta em todas as coisas. Toda língua é estrangeira moço, é brincadeira de falar fácil e saber assim de vento, toda língua é morte certa moço, é vento leve que não volta, e quando a porta da língua se fecha, é tudo assim suave, mas é português ainda?
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Rodagem
Maria tá pedindo, "tá doida?" tá olhando na janela e vendo as coisas rodando, é tempo, é mundo, é mania de perguntar e perguntar sem resposta, "é vida, é?" é caco de vida, escola rodando, meia boca, tudo escorrendo pro mesmo canto, "cala a boca Maria!" cala a boca...
domingo, 6 de janeiro de 2008
BARALHO
É meu pesadelo, esse sussurro sem fim na ponta da orelha, "quando? como? o quê? onde começa? onde acaba?" até agora as pontes da cidade são pontes da cidade, homens são homens, mulheres são mulheres, tudo está em seu lugar e eu sou a sombra correndo atrás do rabo, mas, e agora? homem é mulher e é tijolo? novo mundo? nova babel? outro código para carlos gozar? nova vida madalena, embaralha, embaralha os quatro cantos e corre pra dentro que é hora de banho e o destino aguarda dentro de uma caixa de soluços.
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