(Voltei ao ponto onde fundei o silêncio Braços prontos Ferramentas cruzadas Toda a estrutura armada Aponta para o infinito)
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Ampulheta
Espia o tempo, homem! Dá uma catucada nos ponteiros, bota a mão na areia fininha fininha e vermelha, já viu? escapa de muito, corre pro olho, deixa saudade, e que é? caixa danada sacudindo com a gente dentro, outro espanto, e que é? Só sei que de muito já escorrego por essas vias, esses caminhos de apreciá e marcá saudade, e de longe bato o olho e já conheço, é tempo isso homem? é falta ? é saudade assim de pedaço esperando fim de tudo, é coragem dentro de alvoroço, e vem esse escuro todo... e a danada se vira pra baixo.
sábado, 12 de janeiro de 2008
Pergunta
Naquele tempo eu andava, e corria de lá pra cá pra ver o dia inda se acabando, aí era a lua, era um brilho novo, uma constância assim de sonho, e uma dorzinha leve só, que era uma pergunta solta em vento, e eu nem apreendi perguntar minha que era... no tempo voando, muitas mais perguntas se imbutiram, de muito a vida foi respondendo, às vezes assim doida, as vezes doída, mas essa de vento, essa corre comigo e a gente vai junto a sete palmos, penso que é pergunta mais de tripa que de letra, é um cozinhado apertando a barriga e um sopro assim no ouvido, bem baixinho, nada escuta, nada põe mão, assim é...
Português Suave
Solta a língua moço, dá uma espanada nessa trava leve, nesse jogo solto de tão doce. Eu falo, falo porque gosto, porque o gosto da língua solta nesse mundo todo, há de ser um gosto assim meu, um gosto de propriedade de dentro, eu falo porque a língua tá solta por vontade e é leve ela, é solta em todas as coisas. Toda língua é estrangeira moço, é brincadeira de falar fácil e saber assim de vento, toda língua é morte certa moço, é vento leve que não volta, e quando a porta da língua se fecha, é tudo assim suave, mas é português ainda?
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Rodagem
Maria tá pedindo, "tá doida?" tá olhando na janela e vendo as coisas rodando, é tempo, é mundo, é mania de perguntar e perguntar sem resposta, "é vida, é?" é caco de vida, escola rodando, meia boca, tudo escorrendo pro mesmo canto, "cala a boca Maria!" cala a boca...
domingo, 6 de janeiro de 2008
BARALHO
É meu pesadelo, esse sussurro sem fim na ponta da orelha, "quando? como? o quê? onde começa? onde acaba?" até agora as pontes da cidade são pontes da cidade, homens são homens, mulheres são mulheres, tudo está em seu lugar e eu sou a sombra correndo atrás do rabo, mas, e agora? homem é mulher e é tijolo? novo mundo? nova babel? outro código para carlos gozar? nova vida madalena, embaralha, embaralha os quatro cantos e corre pra dentro que é hora de banho e o destino aguarda dentro de uma caixa de soluços.
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